A educação intercultural e decolonial ainda é um desafio no contexto educacional brasileiro, especialmente considerando a implementação da Lei 11.645/2008. Este estudo analisou uma intervenção pedagógica realizada em uma escola pública paulistana, o CentroMunicipal de Capacitação e Treinamento Professor Lenine Soares de Jesus, em São Paulo, com o objetivo de diminuir etnocentrismos e preconceitos étnicos por meio da educação da cultura indígena. A metodologia envolveu uma intervenção estruturada em sete etapas, desenvolvida durante um curso bimestral de qualificação em Informática, incluindo pesquisa e apresentação, contação de histórias, visita virtual a aldeias indígenas, arte indígena, culinária indígena, debates e criação de jogos educativos alicerçada em uma revisão de literatura focada, principalmente em pesquisadores brasileiros e latino-americanos com estudos nas áreas de educação étnico-racial, educação decolonial e educação intercultural. Os resultados, obtidos através de uma pesquisa qualitativa utilizando a técnica da observação participante, demonstraram mudanças graduais nas atitudes dos estudantes em relação à temática indígena, evidenciando a necessidade de estudos longitudinais para avaliar impactos de longo prazo na comunidade local e no ambiente profissional em que estes egressos estiverem inseridos. A intervenção revelou que transformações culturais significativas requerem tempo e continuidade, sugerindo a importância de programas educacionais mais extensos e do envolvimento da comunidade escolar.
Ângelo, F. N. P. (2019) Os dez anos da Lei n° 11.645/2008: avanços e desafios. Caderno Cedes, 39, 357-378. https://www.scielo.br/j/ccedes/a/yrXGvcNFhs5JLcjJv9Nx5bG/
Backes, J. L. (2019). A luta política para a construção de currículos interculturais e decoloniais pelos indígenas. Currículo sem Fronteiras, 19(3), 1115-1130. http://dx.doi.org/10.35786/1645-1384.v19.n3.18
BANIWA, G. (2013). Educação escolar indígena no Brasil: avanços, limites e novas perspectivas. Reunião Nacional da ANPED, 36, 3-18. http://36reuniao.anped.org.br/pdfs_trabalhos_encomendados/gt21_trabalhoencomendado_gersem.pdf
Brandileone, A. P. F. N., & Valente, T. A.. (2018). Literatura indígena para crianças: o desafio da interculturalidade. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (53), 199–217. https://doi.org/10.1590/2316-4018538
Brasil. (2008). Presidência da Repúbica. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Brasília, DF
Brasil. (2003). Presidência da Repúbica. Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Brasília, DF
Brasil. (2018). Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Fundamental. Brasília. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
Candau, V. M.. (2008). Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Revista Brasileira De Educação, 13(37), 45–56. https://doi.org/10.1590/S1413-24782008000100005
Candau, V. M. F. & Russo, K. (2010). Interculturalidade e educação na América Latina: uma construção plural, original e complexa. Revista Diálogo Educacional, 10(29), 151-169. http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-416x2010000100009&lng=pt&tlng=.
CANDAU, V. M. (2012). Didática crítica intercultural: aproximações. Petrópolis, RJ: Vozes, 107-138
Carvalho, J. J. D. (2019). Encontro de Saberes e descolonização: para uma refundação étnica, racial e epistêmica das universidades brasileiras. Em: Bernardino-Costa, J. et al. Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico, Autêntica. 2ª ed. 79-106.
Coelho, W. de N. B., & Soares, N. J. B. (2016). A Implementação das Leis Nº 10.639/2003 e Nº 11.645/2008 e o Impacto na Formação de Professores. Educação Em Foco, 21(3), 573–606. https://doi.org/10.22195/2447-524620162119871
Teixeira de Menezes, A. L., de Moura, O. I., & Graeff Wernz, M. C. (2020). Encontros interculturais entre um indígena Kaingang e não indígenas: enlaces em um pensar perspectivista e sincrônico. Tellus, 20(41).
https://doi.org/10.20435/tellus.v20i41.665
Faustino, R. C. et al., (2022). A interculturalidade na educação escolar indígena. Teoria e prática da educação, 25(1), 174-189. https://doi.org/10.4025/tpe.v25i1.57813
Gomes, N. L. (2012). Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem fronteiras, 12(1), 98-109. https://www.academia.edu/download/82020822/gomes.pdf
Gomes, N. L. (2019). O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Editora Vozes Limitada.
Gonçallo, R. L. et al., (2019). Interculturalidade e Educação: abordando a Temática Indígena na Educação Básica. Revista Vértices, 21(1), 18-27. https://doi.org/10.19180/1809-2667.v21n12019p18-27
Melo, C. J. R. e Senhoras, E. M. (2022). Currículo: Interculturalidade & Inclusão. Editora IOLE. p. 267. https://doi.org/10.5281/zenodo.7150192
Mignolo, W. (2011). The Darker Side of Western Modernity: Global Futures, Decolonial Options. Durham: Duke University Press.
Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Em: Lander, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: CLACSO. 107-126.
De Sousa Santos, B. (2019). O fim do império cognitivo: a afirmação das epistemologias do Sul. Autêntica.
São Paulo (Município). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da cidade: povos indígenas: orientações pedagógicas. São Paulo: SME/COPED, 2019.
Walsh, C. E. (2020). Decolonial learnings, askings and musings. Postcolonial Studies, 23(4), 604–611. https://doi.org/10.1080/13688790.2020.1751437