MLS EDUCATIONAL RESEARCH

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ISSN: 2603-5820

Educational Research Journal 2018, Vol 3 n. 1;

Cómo citar este atículo:

Yavorski, R. & Campos e Santos, M.A. (2019). Formação docente: a formação do professor e a influência sobre a aprendizagem do aluno. MLS-Educational Research, 3 (1),25-42. Doi:https://doi.org/10.29314/mlser.v3i1.70

FORMAÇÃO DOCENTE: A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E A INFLUÊNCIA SOBRE A APRENDIZAGEM DO ALUNO

Rosely Yavorski
Fundación Universitaria Iberoamericana (Brasil)
rose2013yavorski@gmail.com ·

Maria Aparecida Campos e Santos
Fundación Universitaria Iberoamericana (Brasil) / Universidad de Jaén (España)
mariaaparecidasantosecampos@gmail.com · https://orcid.org/0000-00011790-5438

Fecha de Recepción: : 19/06/2018 / Fecha de Revisión: 09/09/2018 / Fecha de Aceptación: 18/03/2019

Resumo. O processo de aprendizagem necessita de profissionais preparados para enfrentar todos os desafios da educação, sendo assim, a formação deste profissional torna-se item básico e importante para a consecução de umaeducação inclusiva e de qualidade. As dificuldades apresentadas pelos alunos podem ser ultrapassadas a partir da utilização de técnicas inovadoras, que motivem os alunos na busca de conhecimento. Objetivo observar se o conhecimento prévio do professor influencia nas metodologias utilizadas para as dificuldades de aprendizagem. Metodologia: estudo transversal composto de entrevistas para analisar a situação atual junto aos professores em instituições de ensino fundamental investigadas da cidade de Sarandi, Paraná, Brasil. A entrevista semiestruturada foi composta por perguntas abertas e fechadas permitindo ao professor discorrer livremente sobre o tema proposto, com o objetivo de esclarecer. Resultados: observou-se que em todas as salas de aula, das instituições pesquisadas, existem alunos que apresentam problemas de aprendizagem, que grande parte dos professores são pós-graduados e buscam conhecer novas metodologias para auxiliar os alunos quanto à aprendizagem. Conclusão: conclui-se que os professores se preocupam, com a efetividade e qualidadeda educação e da importância em trabalhar técnicas inovadoras buscando solucionar os problemas de aprendizagem e comportamento dos alunos. Para isso, procuram informações com outros profissionais, em cursos de extensão e pós-graduação.

Palavras-chave: Ensino Fundamental, pós-graduação, aprendizagem.


Resumen. El éxito en el proceso de aprendizaje requiere medios adecuados para afrontar los desafíos de la educación, asimismo, la formación del profesional de la educación es un componente básico y importante para una educación inclusiva y de calidad. Las dificultades presentadas por los alumnos pueden ser exitosas a partir de la utilización de técnicas innovadoras, que les motiven en la busqueda del conocimiento. Objetivo. Observar si el conocimiento previo del profesor ejerce influencia en las metodologías aplicadas para las dificultades de aprendizaje. Metodología. Estudio transversal que pretende analizar la efectividad de las prácticas pedagógicas utilizadas en las instituciones de enseñanza primaria de la ciudad Sarandi, Paraná, Brasil en alumnos con dificultades de aprendizaje. Se compuso de entrevista con preguntas abiertas y cerradas posibilitando al profesor opinar libremente sobre el tema propuesto para su aclaración. Resultado. Se observó que en todas las clases de las instituciones investigadas, existen alumnos con problemas de aprendizaje y que casi todos los profesores son postgraduados y buscan conocer nuevas metodologías que auxilien sus alumnos en las dificultades presentadas durante el proceso de enseñanza-aprendizaje. Conclusión. Concluyese que los profesores investigados si se preocupan por la efectividad y cualidad de la educación a la par de la importancia del uso de técnicas innovadoras que solventen los problemas de aprendizaje y comportamientos de sus alumnos. Por ello, buscan obtener información y más formación por parte de otros profesionales en curso de extensión y postgrado.

Palabras-clave: Enseñanza primaria, postgrado, aprendizaje.


Abstract. The learning process needs professionals prepared to face all the challenges of education, therefore the education professional, training becomes basic item is important for inclusive education and quality. The difficulties presented by the students can be exceeded from the use of innovative techniques, motivating students in the search for knowledge. Objective: observe whether the knowledge of the teacher influence on the methodologies used for learning difficulties. Methodology: cross-sectional study of interview to identify the current situation with teachers in primary education institutions investigated. The semistructure interview was composed by open and closed questions allowing the teacher discourse freely on the proposed theme, with the purpose of clarifying it. Results: it was observed that in all classrooms of the institutions surveyed, there are students who present learning problems, that most teachers are postgraduates and seek to know new methodologies for help the students about learning. Conclusion: it is concluded that teachers they care, with the effectiveness and quality of education and the importance in working innovative techniques looking to solve learning problems and behaviour. For this seek information with other professionals, in the process of extension and post-graduates.

Keywords: Elementary school, post-graduates, learning.


Introdução

A educação sempre foi alvo de muitas discussões no mundo. A princípio discutia-se a qualidade de educação recebida pela população em geral, com o passar dos anos percebeu-se a necessidade de preparar melhor os profissionais da educação para colocar em prática a qualidade da mesma, o que produziu uma necessidade de profissionais com especializações nas áreas educacionais melhorando o trabalho nos distintos níveis da educação em geral.

Como direito fundamental a educação é compromisso para todos no sentido de favorecer o crescimento pessoal, intelectual, social, econômico e cultural, de cada aluno ingresso no espaço escolar independente do nível de ensino, seja educação infantil, ensino médio, bem como ensino superior. É nesse palco que faz cidadão. De acordo com a UNESCO (1998) a formação científica e tecnológica se faz necessario para que o educando seja inserido na sociedade e, sobretudo, seja capaz de enfrentar os desafios no seu dia a dia.

Segundo Dos Santos (2008, p. 6), o desafio enfrentado pelos professores refere a diversidade, ao pluralismo cultural, sendo necessária uma reflexão sobre o tema para iniciarmos nossa transformação conceitual e prática da escola, no sentido de garantir a educação para todos e a aprendizagem efetiva, a qual garanta a permanência do aluno e se sucesso escolar. Assim faz-se necessario refletir sobre a temática e a possivel transformação social na escola por meio de praticas pedagogicas que favoreçam a ingresso, a permanencia e o sucesso de cada aluno que procure a escola.

Na busca de desenvolver capacidade física, cognitiva e social dos alunos a escola desempenha o papel fundamental de formação do cidadão. Assim a educação deve ocorrer coletivamente e contemplar as diferenças que compõem a escola, tais como: etnia, raça, gênero, classe, sexo, entre outras e que o professor deve estar apto a trabalhar (Dos Santos, 2008, p. 9).

Nesse sentido o fazer pedagógico deve atentar para a aprendizagem que tem ritmos diferentes de acordo com os individuos, na mesma faixa etária. E o potencil de cada um (Simão, s/d).

O governo nacional passou a formular politicas na busca da qualidade da formação do professor acreditando que de reflexo no desenvolvimento dos alunos. Assim para Gatti, (2009, p. 90) citado por Brejo (2015, p. 217-218).

[...] a formação de quem vai formar torna-se central nos processos educativos formais, na direção da preservação de uma civilização que contenha possibilidades melhores de vida e coparticipação de todos. Por isso, compreender e discutir a formação, as condições de trabalho e carreira dos professores, e em decorrência sua configuração identitária profissional, se torna importante para a compreensão e discussão da qualidade educacional de um país, ou de uma região.

O investimento na formação do professor é fundamental e necessário, bem como a necessidade da realização de trabalhos comprometidos com as especificidades dos alunos. O professor em sua formação passa por diversas transformações, aprimorando sua identidade, sua cultura e a história que está ajudando a construir, assim sendo, os conhecimentos adquiridos pelo professor conduzirão suas relações educativo-pedagógicas, e o reconhecimento por parte do professor de que: crianças são seres singulares e que as práticas pedagógicas devem respeitaras diferenças promovendo a interação, a socialização e a construção individual e coletiva de novos saberes (Brejo, 2015, p. 219).

A legislação educacional brasileira prevê que a formação adequada, para que professores respondam as necessidades de aprendizagem das crianças, é a graduação em nível superior, que oferecem subsídios essenciais para lecionar os conteúdos específicos para as crianças, e ainda articula atividades de docência e pesquisa, ou seja, o professor necessita estar preparado para lidar com inúmeras situações, das mais simples as mais complexas procurando solucionar as mesmas (Brejo, 2015, p. 220).

Portanto, a pesquisa e reflexão auxiliam no desenvolvimento de disciplinas que ajudam o docente a construir aulas com foco na aprendizagem do aluno e no desenvolvimento integral do individuo. Para o bom desenvolvimento das atividades de ensino-aprendizagem o trabalho pedagógico necessita considerar os conhecimentos e saberes específicos dos docentes desenvolvendo neste as atividades do campo de didática (Silva, Giordani, Menotti, s/d, p. 3-4).

O fato de possuir conhecimentos ou determinadas capacidades não é suficiente para garantir a competência do profissional de educação, mas os seus pensamentos, atitudes e posições diante das situações problema caracterizam-no. O educador competente não é aquele que apenas ensina, mas aprende cada vez mais ao ensinar tornando-se também sujeito do processo de aprendizagem (Cades, 2015, p.15).

Portanto, o desenvolvimento do profissional da pedagogia se dá a partir do momento que este profissional entra em contato com a realidade, ou seja, sua investigação pauta-se na realidade/necessidade escolar, extrapola a observação possibilitando a intervenção junto aos autores do processo de aprendizagem, sendo estas intervenções pensadas e articuladas com o momento que cada escola vive, e principalmente com o momento do individuo dentro da escola (Francisco, Schneider, 2010, p. 12-13).

Torna-se importante analisar a formação do professor e educação inicial conscientizando-os de que a sua formação não se esgota na graduação, mas neste caso a formação é um processo permanente, que tem como objetivo: preparar o professor para experiências profissionais onde ocorram mudanças e estas sejam eficazes, onde o professor traz para o processo de formação a sua experiência passada, o conhecimento, as aspirações para o futuro, aspectos que influenciarão na aprendizagem (Rêgo, 2006, p. 76).

A dinâmica desenvolvida em sala de aula deve permitir trocas e desafios capazes de motivar o aluno a compreender e atuar sobre o problema apresentado. O professor precisa estar atento para criar novos conhecimentos com as contribuições da classe, sistematizando e organizando tais conhecimentos (Rêgo, 2006, p. 88). A escola, assim como os profissionais, que trabalham nela trazem em si características conforme o contexto da época onde estão inseridos. Nos dias atuais o ensinar e o aprender constituem-se:

Ainda de acordo com os autores (p. 13-14).:
A Orientação, hoje, caracteriza-se por um trabalho muito mais abrangente, no sentido de sua dimensão pedagógica. Possui caráter mediador junto aos demais educadores, atuando com todos os protagonistas da escola no resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação com a formação da cidadania dos alunos, considerando, em especial, o caráter da formação da subjetividade. Da ênfase anterior à orientação individual, reforça-se, hoje, o enfoque coletivo sem, entretanto, perder de vista que esse coletivo é composto por pessoas, que devem pensar e agir a partir de questões contextuais, envolvendo tanto contradições e conflitos, como realizações bem-sucedidas. Busca-se conhecer a realidade e transformá-la para que seja mais justa e humana.

Trabalhar com o aluno não é uma tarefa fácil e simples, vai muito além de ensinar conteúdos. Trabalhar com o aluno em sala de aula é agir no sentido de compreender as atitudes do aluno e ter respaldo na fundamentação teórica para saber como proceder à frente de determinadas situações (Francisco, Schneider, 2010, p. 15).

Além disto, o contexto escolar exige que o professor coloque todo o seu conhecimento, partilhe saberes e dificuldades com outros professores e especialistas a fim de solucionar dificuldades dos alunos para que os mesmos não abandonem a escola. O professor preocupado com a educação e que desenvolve boas práticas pedagógicas faz a grande diferença na vida futura de seus alunos (Ferreira, 2008, p. 28, Brejo, 2015, p. 221).

Para Brejo (2015, p. 221-222), a prática pedagógica quando orientada pela ética compreende e respeita as diversidades do aluno em todo seu desenvolvimento considerando-o como centro do processo educativo independentemente de suas características raciais, religiosas, econômicas. Se objetiva transformar o espaço escolar devemos considerar que será uma tarefa continua. Para Libâneo e Pimenta (1999), transformar as escolas em um espaço para o desenvolvimento cultural, científico e tecnológico exige esforço coletivo da escola, ou seja, professores, funcionários, diretores e pais de alunos além de grupos sociais envolvidos, devem estar empenhados para enfrentar desafios principalmente no campo das políticas públicas, onde os professores são profissionais essenciais na construção da escola, e por isso da importância em investir na formação profissional e na valorização deste profissional.

Porém, formar um professor reflexivo também requer uma transformação na qualidade de trabalho do professor e nas escolas. Nos países onde esta reforma mostrou-se fértil foi investido na formação e desenvolvimento do professor e nas instituições. Os docentes passaram a ter dignidade no trabalho e na carreira docente tendo elevação salarial, em nosso país estas reformas não acontecem, pois se fala em mudar a formação e não as condições de trabalho (Pimenta, 2013, p. 106).

Atualmente a educação estruturada vem sendo abalada por confrontos entre educadores e estudantes, o que resulta em professores insatisfeitos e alunos com pouco conhecimento nas diversas disciplinas. Na década de 90 até os dias atuais, os problemas com a educação estão se agravando muito, apresentando um baixo índice de aprendizado, o que é ruim para um país em desenvolvimento (Kubata, Fróes, Fontanezi, s/d, p. 4).


Metodologia

Tipo de pesquisa

Trata-se de um estudo transversal que utilizou questionário Ad hoc para coleta de dados e pesquisa bibliográfica para embasamento teórico que permitiram a discussão dos dados coletados propiciando ao investigador a cobertura de fenômenos amplos objetivando-se caracterizar o atual estado do problema e fazer um histórico do tema nas escolas de ensino fundamental da cidade.

De acordo com os objetivos traçados, iniciou-se a pesquisa bibliográfica e levantamento das publicações selecionando os materiais mais adequados sobre o tema. Após a seleção iniciou-se leitura e fichamento dos trabalhos focalizando aspectos mais relevantes para compor o referencial teórico da pesquisa.

Do ponto de vista da natureza, a pesquisa pode ser classificada como pesquisa básica motivando o pesquisador através da curiosidade intelectual, sendo coletados os dados através de entrevistas com professores que segundo Minayo (2001, p.52-55), permite ao pesquisador buscar informações contidas na fala dos atores, não se trata de uma conversa neutra, mas sim coletar informações vivenciadas pelos atores referentes aos problemas levantados.

A entrevista foi realizada com os professores dos alunos com problemas de aprendizagem no ensino fundamental dos 2º, 3º e 4º ano da cidade de Sarandi combinando perguntas abertas e fechadas possibilitando ao entrevistado discursar sobre o tema proposto livremente. Foram realizadas em fevereiro de 2018, com duração de aproximadamente 30 minutos, como os seguintes eixos orientadores: a) formação do docente, b) as dificuldades apresentadas pelos discentes (alunos), e c) o trabalho pedagógico realizado pelos docentes frente às dificuldades apresentadas pelos alunos.

Espaço da pesquisa

Caracterização do Município onde se desenvolve a pesquisa

A pesquisa foi desenvolvida na cidade de Sarandi, que está situada no Nordeste do Paraná, no sul do Brasil. Faz parte da Microrregião 9, Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense.

Local de pesquisa

As escolas municipais selecionadas através da Secretaria Municipal de Educação com o propósito de mostrar a realidade dos 10 professores de duas escolas públicas de ensino fundamental da cidade de Sarandi-Pr, e por serem as instituições de ensino fundamental que receberam as melhores avaliações pela secretaria. Uma das escolas encontra-se localizada em área central do município e a outra em região periférica.

A Escola Municipal A – Educação Infantil e Ensino Fundamental até o 5º ano.

A Escola Municipal B – Educação Infantil e Ensino Fundamentalaté o 5º ano.

As escolas investigadas procuram garantir o principio democrático de igualdade de condições de acesso e permanência na escola, de gratuidade para a rede pública, de uma educação básica com qualidade de diferentes modalidades de ensino, vedando qualquer forma de discriminação e segregação.

A Filosofia e princípios didático-pedagógicos da Secretaria de Educação e Cultura direcionada as instituições escolares

A Secretaria de Educação e Cultura entende a escola como parte da comunidade, por esse motivo se faz necessário uma analise no contexto histórico atual a fim de entendimento das questões educacionais. Com o crescente processo de globalização da economia, que leva a competitividade internacional e as modificações nos padrões de produção e consumo e organização do trabalho, o perfil do trabalhador vem modificando provocando o surgimento de novas profissões enquanto outras são destituídas. Há uma tendência a intelectualização do processo de produção exigindo dos trabalhadores maior conhecimento, uso de TIC (técnicas de informação e das comunicações), informática e outros meios de comunicação, habilidades cognitivas e flexibilidade de raciocínio.

Para enfrentar todas essas transformações e desafios é preciso investir na educação elevando o nível científico, cultural e técnico da população, no sentido de tornar possível a universalização da escolarização básica de qualidade e melhorar as oportunidades e condições de trabalho da população.

Por se tratar de um novo momento histórico, surge para instituição escolar a necessidade de se reorganizar e repensar sua proposta pedagógica e sua função dentro da sociedade refletindo sobre quais cidadãos querem formar e que sociedade queremos para todos. A definição de homem, sociedade e educação não diz respeito somente aos profissionais da educação, mas a toda comunidade onde esta está inserida.

Nesta linha de pensamento a instituição escolar deve contribuir para formar pessoas com consciência crítica preparadas para desempenhar no futuro o papel de classe dirigente tendo como base o saber científico.

Amostragem foi composta por 10 professores do Ensino Fundamental com formação em Pedagogia que trabalham nos 2º, 3º e 4º anos do ensino fundamental das escolas A e B do Município de Sarandi, o corpo docente destas instituições investigadas está formado por professores com graduação em Pedagogia. Os professores trabalham, em dois turnos, sendo que em cada turno 4 (quatro) horas são utilizadas como hora atividade, onde são planejadas atividades pedagógicas.

A atividade profissional do docente, na atualidade, exige que tenha formação continuada, e o educador que investe em seu autoconhecimento estará mais habilitado para entender as exigências de seus alunos. A formação tem como objetivo aprofundar aspectos teóricos e práticos que garantem a especificidade e a sistematização do trabalho, pois uma fundamentação teórica consistente possibilitará avaliar as ações em andamento e aquelas que serão planejadas, intensificando o conhecimento do profissional.


Resultados

Após coleta de dados e analise das entrevistas realizadas com os professores organizou-se as respostas de acordo com a pertinencia do tema em estudo, em tabelas, as quais foram discutidas descritivamente. São apresentados dados parciais da pesquisa.

Atuação Profissional

A formação profissional dos docentes das instituições de ensino fundamental pesquisadas.

Toda formação, seja ela inicial ou superior proporciona ao ser humano conhecimentos necessários para que o mesmo venha propor mudanças importantes e transformações sociais podendo ser essa educação formal ou informal. Na educação formal o professor apresenta conteúdos específicos e metodologias adequadas no sentido de formar pessoas capazes de desenvolver visão crítica e desenvolver a criatividade (Yavorski, 2014, p.63).

Com o desenvolvimento de discussões sobre qualidade da educação no país percebeu-se a necessidade de uma melhor preparaçãodos profissionais da educação; o quelevou asinstituições escolares a exigir de seus profissionais, além da graduação em Pedagogia uma pós-graduação, ou seja, uma especialização que lhes preparassem e auxiliassem no trabalho com alunos que apresentam níveis de aprendizagem variados e dificuldades de aprendizagem.

A escola, de modo geral, exerce um papel fundamental no desenvolvimento das capacidades de aprendizagem dos alunos, sendo este o principal foco das instituições. Para dos Santos (2008, p.9), a educação deve ocorrer coletivamente contemplando as diferenças individuais de cada aluno, onde o professor deve estar apto a trabalhar. Portanto os profissionais da educação precisam estar conscientes de que a construção do conhecimento se dá de forma heterogênea e no ritmo de cada individuo, de acordo com Brejo (2015), a prática pedagógica necessita de atenção especial, para possibilitar ao professor enfrentar os desafios cotidianos. O que lhe proporciona a possibilidade melhor e elevar o nível e a qualidade da educação oferecida nas instituições de Educação em geral.

A Tabela 1 apresenta a formação acadêmica dos professores das instituições participantes da pesquisa.

Tabela 1
Formação acadêmica dos professores das instituições pesquisadas

Professor Graduação Pós-graduação Pós-graduação em aprendizagem
P1 x
P2 x
P3 x
P4 x
P5 x
P6 x
P7 x
P8 x
P9 x
P10 x
TOTAL 3 2 5

As instituições de ensino pesquisadas admitem profissionais graduados em Pedagogia para ministrar aulas de 1º ao 5º ano do ensino fundamental. Os professores são responsáveis por ministrar a maioria das disciplinas referentes à turma que rege com exceção das disciplinas de artes, educação física e língua estrangeira (inglês).

Observa-se que dos professores entrevistados 7 (sete) declaram possuírem pós-graduação em vários cursos diferentes tais como: Psicopedagogia, Educação especial inclusiva, História, Globalização, Gestão Escolar, 5 (cinco) possuem pós-graduação específica em aprendizagem, 3 (três) somente graduação e 2 (dois) pós-graduação em outras áreas.

Das professoras que declaram possuírem pós-graduadas todas possuem mais de uma pós-graduação. Das professoras graduadas a professora nível 1 (P1) declarou que: “Tenho dificuldade em trabalhar com alunos que apresentam problemas de aprendizagem.” Entrevistadora: “O que faz quando detecta um aluno que tem dificuldade de aprendizagem? Recorre a algum profissional?” P1: “No município não temos a quem recorrer, os psicólogos da secretaria não orientam os professores, e normalmente atendem somente problemas de comportamento. Eu procuro conversar com outros professores que tenham maior experiência com estes alunos, quem me ajuda muito é a professora P3 que tem especialização em Psicopedagogia.”

Assim, pode-se concluir que para 9 professores a pós-graduação torna-se importante para que tenham ferramentas que auxiliem no trabalho com os alunos que apresentam dificuldades tanto de aprendizagem como comportamentais. Os dados sugerem que atualmente os professores entrevistados estão voltados em solucionar problemas dos alunos; há uma preocupação com a qualidade do ensino.

Assim para o autor Gatti, (2009, p. 90) citado por Brejo (2015).

[...] a formação de quem vai formar torna-se central nos processos educativos formais, na direção da preservação de uma civilização que contenha possibilidades melhores de vida e coparticipação de todos. Por isso, compreender e discutir a formação, as condições de trabalho e carreira dos professores, e em decorrência sua configuração identitária profissional, se torna importante para a compreensão e discussão da qualidade educacional de um país, ou de uma região (p. 217-218).

A formação do professor está assim, diretamente relacionada com a qualidade da educação de um país. Com a abertura e ampliação das oportunidades educacionais surgiram novos desafios para a escola pública brasileira tendo uma alteração no sentido geral da escola, a incorporação de parcelas da população que não tinham acesso à escola trouxe novas experiências para a instituição educacional juntamente com tensões, contradições e diferenças presentes em toda sociedade (Gusmão, 2010).

Tempo de atuação do professor no ensino fundamental

Quanto ao tempo de atuação do professor no ensino fundamental, pode-se verificar que 4 (quatro) professores das instituições participantes atuam nas escolas a mais de 10 anos, mas também encontramos professores graduados há pouco tempo. O Tabela 2 apresenta o tempo de docência dos professores participantes.

Tabela 2
Tempo de atuação do professor no ensino fundamental

Tempo de Atuação Número de professores
0 a 5 anos 2
6 a 10 anos 1
11 a 20 anos 4
Mais de 20 anos 2
Não declarou 1
Total 10

A professora nível 2 (P2) com mais de 20 anos de atuação no ensino fundamental declara: “Nos vários anos que trabalho em sala de aula percebo que nada mudou. O que diferencia os alunos de antigamente com os de hoje é que os de hoje não tem vontade de estudar são preguiçosos.” Diante da declaração da professora observa-se que a mesma não percebe as dificuldades dos alunos como problemas relacionados à metodologia aplicada, ou a dificuldades de comportamento, mas sim a falta de vontade do próprio aluno.

Diante das políticas de educação os professores e a escola são elementos importantes para o desenvolvimento social, cultural e econômico das nações, e assim estes são responsabilizados pelos insucessos e despreparo dos alunos ao termino dos estudos. A formação dos profissionais da educação passou a ser vista como teórica e desvinculada da demanda da escola e da sociedade (Oliveira, 2009, p. 38), a professora P2 por falta de conhecimento representa e reproduz a teoria acima citada.

Com referencia ao tema aprendizagem docente, é importante que o professor aprenda a ser professor, e isso acontece na:

  • Aprendizagem na relação professor-aluno;
  • Aprendizagem na relação professor-professor;
  • Aprendizagem através da prática pedagógica (Pivetta, Isaia, 2008, p. 251).

As premissas descritas acima estão ligadas ao cotidiano do professor e acontecem em processo dinâmico, sendo construído coletivamente, o P2 parece ignorar que a tarefa do professor é complexa e envolve domínios de conhecimento que podem ser adquiridos na troca e na interação, além da capacidade de articulação que o professor necessita diante das diversidades existentes na sociedade.

A troca de informações com o aluno possibilita, ao professor, aprender quais as dificuldades encontradas pelos alunos e assim tentar resolvê-las com pesquisas e interação com outros professores. A valorização do aluno estabelece uma relação afetiva e flexível, que ajudará na compreensão deste e posteriormente no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

O professor nível 10: “Já dei aula em muitas turmas, mas está é a mais difícil de todas. Às vezes não sei o que fazer para que os alunos aprendam, tenho um aluno que repetiu várias vezes e não consegue ler nem escrever”.

O trabalho docente necessita de reflexão crítica, onde o professor precisa auto avaliar-se constantemente para certificar-se que o conteúdo ensinado é correto e adequado para seu aluno. Através da prática de auto avaliação o professor torna-se capaz de criar teorias sobre sua prática e reorganizar-se constantemente. A reflexão permite ao professor inovar a prática pedagógica melhorando o que não está bom (Rodrigues, Costa, 2015, p.1-3).

Número de alunos com dificuldade de aprendizagem por professor

A educação é um processo complexo, porém acontece de maneira coletiva dando subsídios para que a pessoa desenvolva-se individualmente, no entanto alguns indivíduos não conseguem acompanhar adequadamente o processo de educação como um fenômeno dinâmico e subjetivo (Yavorski, 2014, p. 15).

As questões das dificuldades de aprendizagem estão descritas nos PCNs, que mostram a importância da participação construtiva do aluno e da intervenção do professor para a aprendizagem de conteúdos necessários ao pleno desenvolvimento do individuo. O desenvolvimento da capacidade plena do educando acontece através da construção de conhecimento. O ensino tradicional realizado através de aulas expositivas ou leitura de textos passa a ter direcionamento diferente. É possível trabalhar o conhecimento de forma dinâmica e instigante, ou seja, o professor planeja situações de aprendizagem que permitam ao aluno solucionar problemas dinamicamente sobre os mais diversos assuntos (Yavorski, 2014, p. 19).

Os PCNs foram criados como dispositivos para organizar o currículo da educação no sentido de efetivar os objetivos da educação democrática, através dos objetivos propostos para o Ensino Fundamental, e partindo da escola a criação de condições para uma boa aprendizagem (Brasil, 1997). A educação básica deve estar centrada na aquisição e nos resultados efetivos da aprendizagem. Abordagens ativas e participativas são valiosas para garantir a aprendizagem e possibilitar o desenvolvimento das potencialidades do educando (UNESCO, 1998, p. 4).

Tabela 3
Número de alunos com dificuldade de aprendizagem por profesor

Professor Número de alunos
p1 1
p2 4
P3 2
P4 8
P5 2
P6 6
P7 2
P8 4
P9 6
P10 4
Total 10 39

No Quadro 3 observa-se o número de alunos com dificuldade de aprendizagem indicado pelos professores, destes 39 alunos indicados 7 não aceitaram participar da pesquisa ficando um total de 32 alunos participantes. Os professores P4, P6 e P9 tem o maior número de alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem. O P4 com 8 alunos e o P6 e P9 com 6 alunos. O P4 possui pós-graduação, porém a mesma não está relacionada a problemas de aprendizagem. Diante dos dados formulou-se a pergunta a seguir:

“Você se acha preparada para trabalhar com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem?”

Dos 10 professores que responderam a está questão 9 encontram dificuldades em trabalhar com alunos que apresentam algum tipo de dificuldade no processo de aprendizagem, mesmo os professores que possuem pós-graduação. Apenas 1 professor considera que os alunos com dificuldades não conseguem aprender por falta de inteligência, e não há como ela ajudar.

P1: “Mesmo recebendo ajuda de outros professores com mais experiência sinto que preciso fazer uma especialização, que ajude a resolver os problemas dos alunos.Às vezes não sei o que trabalhar para que eles entendam o conteúdo mais fácil. Acho que Psicopedagogia é uma pós que ajuda bastante com os alunos lentos.”

Para este professor a especialização é importante, pois a mesma pode trazer-lhe informações que auxiliem no trabalho em sala de aula, com os alunos. Propostas alternativas de trabalho talvez seja a resposta para transformar a realidade vivida hoje pelas escolas com tantos problemas. Para poder criar e intervir nos processos educacionais o profissional de educação precisaria de uma formação acadêmica inicial e capacitação continuada de qualidade. Para cumprir o papel de educador é preciso segurança ao transmitir o saber e para isso é preciso estudar (Martins, 2003).

P2: Esses alunos não tem jeito. No tempo que dou aula nunca vi um aluno com problema de aprendizagem se desenvolver. Eles são “burros” mesmo, vêm de família, os pais não sabem ler nem escrever e os filhos não tem vontade de aprender. Não adianta fazer nada você vai ver quando começar a trabalhar com eles, não tem interesse. Essas professoras que dizem que faz isso ou aquilo, não sabem de nada, tudo conversa fiada”.

A professora P2 parece não responder as necessidades de aprendizagem das crianças, ou seja, o professor necessita estar preparado para lidar com inúmeras situações, das mais simples as mais complexas procurando solucionar as mesmas (Brejo, 2015, p. 220). Na fala da professora parece que a mesma não tem preocupação com estes fatos, com a necessidade de aprendizagem. O professor em sala de aula também precisa exercer a função de pesquisador, por meio da pesquisa o professor constrói aulas onde o foco é a aprendizagem do aluno e seu desenvolvimento integral (Silva, Giordani, Menotti, s/d, p. 3-4).

O fator conhecimento não é suficiente para garantir a competência profissional do educador, mas o que o caracterizam são suas ações diante dos problemas. A competência não está em ensinar, mas em aprender cada vez mais ao ensinar tornando-se também sujeito do processo de aprendizagem (Cades, 2015, p. 15).

Professora licenciada nível 3 (P3): “Eu tenho muitos alunos com dificuldade na aprendizagem, dá uma pena, a gente vê que eles têm muita vontade de aprender, mas como não tenho especialização na área encontro algumas dificuldades.” Entrevistadora: “Vocês não tem apoio de profissionais especializados?” P3: “Não, os profissionais que vem da secretaria acho que não sabem lidar com isso, sempre passam na sala observam e dizem que está tudo em ordem. E a gente faz o que pode para ajudar os alunos.”

Além de cursos que auxiliem os professores com o trabalho com alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem é necessário abrir um espaço para que os professores possam discutir as metodologias utilizadas sistematizando uma forma de trabalho com os alunos que apresentem dificuldades.

Professora nível 4 licenciada com especializaçao (P4): “Eu tenho especialização em Psicopedagogia é o que me ajuda, mas fico pensando em minhas companheiras, que não tem o conhecimento que tenho é muito difícil trabalhar com alunos que apresentam dificuldades.Às vezes fico perdida sem saber o que fazer com alguns alunos, mas como sei o caminho vou pesquisar até encontrar uma solução. Também procuro conversar com outras professoras que fizeram especialização na área para juntas tentarmos encontrar soluções para nossos alunos.”

Professora nível 5 licenciada com especializaçao (P5): “Costumo usar o que aprendi na especialização, quando não consigo resolver troco ideia com a supervisora e outras companheiras, mas sempre procuro estudar os casos e acompanhar os alunos em tudo.”

Quatro dos professores entrevistados acham importante ter conhecimento sobre os problemas de aprendizagem, e julgam precisarem de mais informações para realizar um trabalho melhor. Em alguns momentos estes professores consideram-se despreparados para enfrentar certas dificuldades apresentadas pelos alunos. O professor com formação especifica em aprendizagem consideram que em alguns casos encontram dificuldades para solucionar o problema apresentado pelo aluno, e precisam recorrer a outros profissionais para refletirem juntos e tentar encontrar solução para os problemas apresentados.

Somente um professor demonstrou desinteresse em cursar pós-graduação, pois considera que os alunos não são capazes de aprender. Para Libâneo (2006) citado por Martins (2003, p.8) o problema da educação está em:

Nas escolas mal organizadas e geridas, na precária formação do professorado, no baixo desempenho escolar dos alunos. A pesquisa da formação profissional tem uma ferida aberta que é o descompasso entre a definição de dispositivos legais e a realidade cotidiana das escolas. Todos sabemos que nossa escola padece de muitas carências e de muitos problemas crônicos – a pobreza das famílias, o baixo salário dos professores, a desvalorização social da profissão de professor, as precárias condições físicas e materiais das escolas, a repetência, a defasagem idade-série escolar, as dificuldades de aprendizagem dos alunos, fatores esses que contribuem para o rebaixamento da qualidade de ensino. Há outras incidências do contexto sociocultural da escola tais como a intensificação da urbanização que, junto a outros fatores, provocam a ampliação da diversidade social e cultural dentro da escola; o impacto dos meios de comunicação na vida escolar e na aprendizagem dos alunos; mudanças nos processos internos do aprender dos alunos; fragilidade das formas de organização e gestão da escola em meio a mudanças abruptas na organização curricular como os ciclos e integração de portadores de necessidades especiais; dificuldade do professorado em adequar-se a essas mudanças, acentuadas com a falta de domínio de conteúdos e metodologias das disciplinas, perplexidade frente a problemas ligados à violência, ao uso de drogas, à sexualidade precoce dos alunos, ao controle da disciplina classe.

Segundo Martins (2003, p.8-9.), não é a reformulação legal dos cursos de pedagogia que trarão a solução para todos os problemas da escola, mas sim:

Uma sensibilidade maior às demandas e exigências formativas vindas da escola poderá favorecer uma melhor formação profissional, pois é disto que se trata. Parte das confusões da legislação e das dificuldades em se obter consenso sobre os currículos decorrem da falta de realismo em captar necessidades e demandas das escolas e dos professores. Penso que não estamos sabendo subordinar as politicas de formação de professores às politicas para a escola e para a aprendizagem dos alunos, e uma das razões disso está no distanciamento de alguns segmentos de educadores das questões concretas que envolvem o funcionamento da escola e o trabalho dos professores.

Assim é importante que o professor conheça a realidade do aluno e o contexto em que a escola está inserida para conseguir mudanças em todos os âmbitos. Precisamos dar opções para que os alunos continuem motivados a aprender relacionando o trabalho pedagógico a um contexto social mais amplo. O professor em sala de aula deve ser um pesquisador e preocupar-se em buscar elementos que possam ser facilitadores da aprendizagem dos alunos.

Entrevistadora: “Quais as técnicas, enquanto professor, você utiliza para a solução das dificuldades de aprendizagem?”

Professora nível 6 licenciada com especializaçao (P6): “O que me ajuda é a pós-graduação que fiz em Psicopedagogia, quando percebo que os alunos estão com dificuldade uso as técnicas que aprendi na pós. O bom mesmo era poder aplicar todas as técnicas com os alunos, aí não teria nenhum com dificuldade, mas o tempo não permite há muito conteúdo para ser ensinado. Acho super. importante ter um profissional que orientemos nós professores em novas técnicas para resolver as dificuldades apresentadas pelos alunos”.

A professora percebe a importância de um currículo diferenciado que auxilie o aluno em suas dificuldades, e o compartilhamento de informações e conhecimento no sentido de compreender a função da escola, que é o de garantir conhecimento ao aluno. O professor refletindo sobre sua prática torna-se capaz de criar, desenvolver atitudes educativas que possam melhorar a qualidade de ensino, e assim valorizar o profissional da educação.

Com dificuldades encontradas dentro de sala de aula o professor é obrigado a dominar práticas e saberes diferentes daqueles que lhes compete. A atuação na educação básica exige do professor conhecimento, crítica, reflexão-ação, e criatividade, sendo que a formação inicial e a continuada precisam subsidiar o professor com instrumentos, que o auxiliem nas questões que o mesmo depara-se no seu dia a dia. A reflexão crítica do professor sobre seu próprio trabalho permitirá desenvolvimento de atitudes que venham melhorar o ato de ensinar (Bonato, 2010).

Professora licenciada com especializaçao nível 7 (P7): “Eu uso o planejamento enviado pela secretaria de educação, não há tempo hábil para realizar atividades extras no sentido de resolver as dificuldades dos alunos”.Tenho um aluno que não está alfabetizado, com ela utilizo uma apostila de alfabetização, onde explico o exercício para que ele resolva em casa, depois eu corrijo faço esta atividade 3 (três) vezes por semana. É a única técnica diferente que utilizo nas minhas aulas.

Mesmo utilizando o material fornecido pela secretaria de educação a professora tem necessidade de utilizar de outras metodologias com alguns alunos demonstrando assim a importância do ensino que leva em consideração as diferenças individuais de cada individuo. 20% dos professores citaram os planos enviados pela Secretaria de Educação, sendo que 10% segue exatamente as orientações da secretaria, e 10% utiliza técnicas diferenciadas sem que os técnicos da secretaria tenham conhecimento.

Professor nível 8 (P8): “A secretaria manda os planos de ensino prontos e temos que seguir à risca. Eu não gosto porque não posso utilizar técnicas diferentes. Vem tudo impresso o que limita muito o aluno. Não tenho pós em problemas de aprendizagem, mas percebo que os alunos possuem dificuldades que precisam ser trabalhadas de forma diferenciada. Troco algumas ideias com minhas companheiras para tentar solucionar as dificuldades que encontro na transmissão do conteúdo”.

80% dos professores se utilizam de leituras coletivas, produção de texto, dramatização, poesias, músicas na tentativa de motivar o aluno a aprender. Em 1990 realizou-se a Conferencia Mundial de Educação para Todos, na Tailândia, tendo como meta orientar reformas na educação lutando contra o analfabetismo e pela satisfação das necessidades básicas de aprendizagem. Segundo a UNESCO as oportunidades educativas devem estar voltadas para as necessidades básicas de aprendizagem, sendo elas a leitura, a escrita, a expressão oral, o calculo e a solução de problemas necessários para a sobrevivência humana, dignidade e qualidade de vida. Portanto a educação deve oferecer base e alicerce para formar e impulsionar a aprendizagem e o desenvolvimento permanente do ser humano (Oliveira, 2009, p. 38).

Os professores citados parecem estar cientes dos quatro pilares da educação elencados na Conferencia da UNESCO que são: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, e aprender a ser. Onde se evidencia o Aprender a fazer a qualificação profissional mostra-se importante e deve ser ampla para que o profissional tenha competência e aptidão para enfrentar várias situações diferenciadas e trabalhar em equipe, mas também aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferece aos indivíduos, e o Aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das diferenças (Oliveira, 2009, p. 39).


Conclusão

A pesquisa demonstrou que os professores preocupam-se com os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, e procuram refletir sobre suas ações discutindo com outros profissionais a metodologia aplicada.

Pode-se inferir que o professor ao longo de sua prática procura desenvolver-se e aperfeiçoar-se para melhorar sua carreira profissional. As dificuldades encontradas pelos professores em sala de aula transformam a concepção de escola e de profissional da educação, e o professor tem a necessidade de repensar suas práticas didático-pedagógicas dentro da escola. Observou-se que as condições de trabalho do professor e as diferenças encontradas dentro da escola faz com que o ele pesquise novas metodologias para ajudar os alunos no desenvolvimento de conhecimento, mesmo tendo que siguir um planejamento feito por profissionais que não estão dentro da escola, e não conhecem a realidade do cotidiano escolar. O município onde foi realizada a pesquisa é muito diversificado em questões econômicas e culturais, assim os professores precisam conhecer a realidade de cada aluno para satisfazer as necessidades dos mesmos. Os conteúdos aplicados devem estar voltados para a realidade dos alunos e não a abstração.

Observou-se grande necessidade por parte dos professores em encontrar algo novo para solucionar os problemas de aprendizagem dos alunos que terminam por comprometer o desenvolvimento geral da sala de aula. Todos os professores mostraram-se receptivos a novas ideias e preocupados com os alunos com dificuldades específicas.

Em alguns casos observaou-se profissionais que não estão comprometidos com a solução e superação dos problemas. O que acontece ás vezes é culpar e responsabilizar outros segmentos, pela não aprendizagem do aluno.

As escolas ainda se utilizam de processos de ensino-aprendizagem mecânicos, que não permitem ao aluno expor sua opinião. O conhecimento vem para o aluno pronto para que ele reproduza, às vezes não apresentando nenhum sentido para o aluno.

Para finalizar considera-se importante o professor colocar-se no papel de mediador do conhecimento, e não de detentor deste. Devem-se considerar as diferenças de realidade e valores de cada um inovando desta forma suas práticas (Silva, Giordani, Menotti, s/d, p. 3-4).

Agradecimentos

Agradeço as instituições de ensino e seus professores por colaborarem na realização do estudo fornecendo os dados necessários para a investigação.

Agradeço a minha orientadora e co-autora pelo suporte técnico-didático.


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